terça-feira, 11 de setembro de 2012

Exorcizando vícios

(...)
"- O problema - ele continua - é que nada expande tanto a mente, nem é tão exuberante quanto inalar e exalar com fumaça. Tentei dizer isso a diversos iogues, mas, de alguma forma, eles não engoliram. O que é compreensível.
- Você está brincando, não é? - eu pergunto.
- Bem, sim e não. Parar de fuma é como se resignar a uma eterna sensação de anseio sem qualquer libertação. Seus sentidos ficam de tocaia o tempo todo, atacando quando você menos espera. Surge um determinado cheiro, um gosto, até uma passagem num livro, ou até, digamos, aquelas malditas borboletas que nós vimos, aquele dia, na mostra. Deus, eu quis muito um cigarro, depois daquilo. Eu não sei, você se sente tão desanimado. Nunca realmente inteiro.
- Com o amor - eu digo, subitamente. - Não é assim?
- Sim, exatamente. Como o amor - diz ele."

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