sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fragmentos de 'mi mente'

Se Nostradamus soubesse
O que sabiam os maias
Nada seria diferente.
Meu café ainda esfria na mesa.
Minha vida ainda é incerteza. 
Minhas costas ainda continuam repugnando o açoite.
Muito embora eu saiba: faltam cinco para meia noite.

Hoje parando para refletir sobre um mundo supostamente prestes a chegar ao seu final e eu tinha prometido a mim mesma que não faria nenhuma retrospectiva sobre esse ano infeliz que está encerrando, até mesmo porque tenho uma tendência a escrever bastante quando o assunto é esse, e sair um pouco do foco deixando a leitura completamente cansativa. Eu sei que as coisas mudaram. E eu aprendi e amadureci muito com isso. Na verdade se eu fosse listar somente as coisas mais relevantes das quais me fizeram uma pessoa mais experiente esse ano - e olha que eu gostaria bastante disso - daria um capítulo de livro, dos interessantes eu diria.
Sempre tenho começado e apagado muitas frases dos textos que são formados na minha cabeça quando estou na rua, vivendo a vida sabe? Colecionando experiências ou buscando mais conhecimento nesse caos. Realidade seja dita, eu sempre quero escrever sobre as pessoas medíocres e imbecis que povoam a maior parte do mundo, ocupando um lugar no espaço com sua imensa insignificância, mas talvez, com um certo de medo de parecer um monstro ser humano do avesso, aquelas pessoas  totalmente do contra(e sim, eu sou), eu acabo escrevendo sobre o vento, a chuva ou até mesmo sobre mim, o que não é lá, nada interessante. O que acontece é que as coisas ficam sem nexo, porque o que eu quero mesmo dizer acaba ficando escondido nas entrelinhas e hora ou outra eu tenho que apagar um palavrão e transformá-lo em um foram felizes para sempre.
Tentando deixar esse assunto nada descomplicado pra lá, esse ano não teve quase nada de feliz. Estive mau humorada na maior parte dos dias e fui um peso gigante, esse ano fui um peso de papel, bem estilo Joseph Climber. E não, não quero falar sobre isso agora. 
Na verdade só queria dar boas-vindas para o fim do mundo e duvido muito que ele queira ficar conosco. Quando der por si ele perceberá que é um usurpador, porque o fim do mundo já começou faz tempo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Puramente fictício

"Era um dia frio. O verão tinha partido completamente, e o inverno, desrespeitando a presença do outono, já demonstrava seus primeiros indícios. Contrastando com a paisagem cinza e monótona, os pedestres iam e vinham pelas ruas, usando roupas coloridas e felpudas. Eu andava, sem rumo, apenas porque não queria ficar em casa. Sentei em um banco de praça, e comecei a exercer meu passatempo favorito: observar as pessoas. Um casal adolescente passeava de mãos dadas, e eu quase pude ver a bolha que os isolava do resto do mundo. Senti uma pontinha de inveja... Há muito eu não me apaixonava! Ignorando os pensamentos desagradáveis, comecei a escrever mentalmente uma história para a jovem ruiva elegante e para o rapaz de olhos verdes, que usava óculos. Eles se casariam, ela seria professora de ballet e ele engenheiro químico. Teriam dois filhos...
Repentinamente, uma gota d’água gorda e gelada interrompe meus devaneios. Começara a chover. Os jovens enamorados, sem nem imaginarem que preencheram a mente de um estranho por alguns minutos, correram a fim de se protegerem da chuva, e eu tomei a mesma decisão. As pessoas de roupas coloridas abriam guarda-chuvas berrantes, em uma tentativa de quebrar a melancolia que caía do céu. Corri para dentro de um café e sentei em uma mesinha aconchegante. Pedi à garçonete sorridente um cappuccino com chantilly e uma tortinha de chocolate, e percebi que ela me fitava com certo interesse. Eu já estava acostumado com o assédio feminino, embora não o compreendesse. O que as mulheres achavam de tão interessante em um brutamonte de 1,90 m com espessa barba e revoltos cabelos loiros? Talvez elas gostassem da suavidade de meus olhos azuis, que se diferenciavam completamente de todo o resto. [...]"
Autobiografia anônima interminada