terça-feira, 26 de março de 2013

Incertezas

"Onde eu me vejo em dez anos? Essa é uma boa pergunta. Certo. Sabe o que eu gostaria realmente? Gostaria de ser tão feliz quanto sou agora. Mas sei que não há muita chance disso acontecer. No fim da vida quando olhamos para trás, só há duas ou três épocas em que fomos realmente felizes e nem mesmo percebemos. Ninguém percebe, não é mesmo? Então onde eu me vejo em dez anos? Acho que gostaria...Gostaria de estar aqui. Aqui mesmo. Neste momento. Não é que eu tenha medo de incertezas, não é isso. Mas é que aprendi que quando temos algo bom, devemos tentar segurar esse momento. Segurar bem firme e se alguém tenta tirar isso de você, o que você deve fazer é mostrar que vão precisar arrancar isso dos seus dedos frios e mortos."

Seth Cohen- The O.C., terceira temporada, episódio treze.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Desperdício

Eu parei de digitar. Se estivesse usando caneta e papel, teria amassado a folha com desagrado, mas com e-mails não existia um gesto equivalente, já que tudo havia sido projetado para impedir que você cometesse erros. Eu precisava de uma tecla de "foda-se", algo que produzisse um trovão satisfatório ao ser acionado. O que eu estava fazendo?

Adaptei fragmentos do livro Juliet, nua e crua do Nick Hornby.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Fim de tarde

[16:44] Abri os olhos e vi que meu travesseiro estava todo babado, meu braço esquerdo dormente e cheio de marcas do lençol. Minhas pernas estavam bambas e pisquei os olhos várias vezes para me situar. Ao meu redor, um pratinho com duas fatias mordidas de pão integral, meus fones de ouvido embolados, a tela do meu computador que já ficara escura e sem imagem, Passion Pit tocando baixo, um livro e vários papeis espalhados. A janela estava aberta, o vento e o cheiro agradável que entravam por ela me mostravam que havia chovido mais cedo, o céu estava parcialmente sem nuvens e eu acabei me afundando um pouco mais em meio a travesseiros e papéis que me rodeavam. Por alguns minutos fiquei olhando para o teto, semi-acordada e mexendo na minha franja bastante desestruturada. Aumentei um pouco o volume da música na esperança de me animar um pouco e conseguir me levantar. Me remexi e virei pois estava deitada totalmente atravessada e meu notebook corria um sério risco de receber um chute involuntário. Ouvi meu celular vibrar em algum lugar distante, apalpei o colchão nas proximidades até onde minhas mãos alcançavam, mas não tive sucesso na minha pseudoprocura e meu corpo estava preguiçoso demais para levantar e procurar em outro lugar. Na realidade pouco me interessava saber quem estava ligando. Ajeitei minha coluna e continuei um tempo nessa posição, dobrei uma perna nua sobre a outra, aumentei o volume da música uns decibéis a mais ao começar Swimming in the Flood e decidi que era assim que eu queria ficar por hoje. Deitada. Pensando aleatoriamente. Olhando para a janela e assistindo o céu mudar de cor até anoitecer. Ouvindo melodias doces. Cochilando hora ou outra. Me arrastando tediosamente para os cantos da cama. Era assim que eu iria ficar, por tempo indetermidado, até germinar uma vontade de fazer qualquer outra coisa.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Hoje.

Acreditem, eu sou mulher. Subo no salto 15, me maquio bastante e vou ser mulher pela rua afora. E sabe, eu gosto de ser mulher, poder ser camaleoa e ser uma mulher diferente a cada dia. Eu costumo ser forte, me mascarar e sair por aí distribuindo felicidade , que mulher não faz isso? Mas a verdade é que debaixo desse salto e por trás dessa maquiagem toda, existem mulheres frágeis, neuróticas, inseguras. Sim, falo por mim. A gente é guerreira porra, faz dieta, academia, se mata na depilação para tentar ficar com uma melhor aparência física. Mas lá no fundo o que manda é o que nós, mulheres, pensamos e fazemos. São nossas atitudes que nos tornam diferentes dos demais. É saber sacrificar-se na hora que precisa, segurar a barra, ter aquele joguinho de cintura em momentos complicados e delicados e que só a gente sabe como ter. Hoje é um dia que nos foi dedicado, porque nós merecemos, com certeza, nós merecemos.
Eu, Dayane, sou uma mulher, altamente neurótica, com doses extras de paranóia, tenho muita celulite, se eu não me cuidar minhas pernas ficarão muito peludas, eu bebo mais-que-socialmente, fumo esporadicamente, encolho a barriga, uso sutiã de enchimento. Sou bastante insegura, penso mais do que faço. Mas no fim das contas eu não me importo de ter peito pequeno e estrias, nem aquelas gordurinhas pulando do jeans. Porque eu sou mulher, e sou mais eu. Um corpo não define a classe feminina, o que define é sua capacidade de saber ser uma pessoa de caráter e integridade.
Antes de ser tão feminista, seja mais feminina. E feliz dia 8 de março.