domingo, 30 de setembro de 2012

Um baseado e um café

"- Você é incrível - diz ele, inclinando-se e me dando um beijo. Eu tinha me esquecido do quanto é bom beijar quando você está chapado. Surge uma onda surpreendente de calor que se espalha pelo meu vestido, engole meu peito e o alto das minhas coxas, como lava incandescente, me fazendo cruzar os braços bem apertado e corar de tanto desejo. Será que ele nota? Eu abro os olhos. Ele está me olhando. Acho que se ele não me tocar, eu vou pular em cima dele. Ele sorri e me beija novamente, puxando levemente o lábio inferior, depois me afasta outra vez, me deixando a ponto de quase implorar. Como ele pode? Será que ele não percebe que estou me esforçando para manter minha compostura, fingindo que o que está acontecendo com meu corpo não está acontecendo, que posso desligar os ímpetos frenéticos que chamuscam a minha pele toda vez que ele me toca? Ora, vamos, eu penso, desesperada, torcendo para que eu não tenha aquela expressão predadora, meio enlouquecida, que uma pessoa tem nos olhos, quando quer muito aquilo. 
Calma, você está doidona."

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O que eu digo quando não digo

'- Sabe o que eu notei sobre você? - Ihiii. - Há muita coisa que você não diz, quando diz alguma coisa. Eu me pego me esforçando para ouvir suas palavras não ditas.
Eu olho abaixo, para meu copo de vinho, para que ele não veja a onda de constrangimento. É verdade. Fico relutante em despejar tudo, mas que bom que ele esteja interessado até mesmo no que eu não estou dizendo.'

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Elephant Gun

Eu realmente quero ir embora daqui. Ou pelo menos queria, não sei qual tempo verbal mais adequado para usar. Eu achei que em pouco tempo as coisas fossem melhorar, ou pelo menos irem se encaixando, mas já passou tempo demais e tá tudo a mesma merda coisa. Sinto falta de morar sozinha novamente, só eu e minhas músicas. Na verdade eu não sei porquê eu voltei. A vida solitária não é a melhor coisa do mundo, claro, mas as coisas não estão bem aqui também. Eu voltei a morar com a minha família e quer saber? A gente briga o tempo todo. Eu tenho estado mal humorada desde sempre e o estilo de vida aqui não é propício para melhores humores. O certo seria que, quando você sai de casa de mala e cuia, você não volte mais. E agora eu sei que isso realmente é verdade. Essa cidade é péssima (ainda acho que tem uma cabeça de bode enterrada em algum lugar por aqui), a falta de lazer me entedia, o mercado de trabalho está desastroso e os dias nesse lugar vão me deixando cada vez mais nervosa. Eu não visito mais meus antigos amigos. Mal tenho vivido de aparências e exercícios físicos. Realidade seja vista e dita, esse local cheira a veneno. Cheio de pessoas superficiais e sociais irritantes. E é contagioso. Quanto mais tempo passo aqui mais me vejo parecida com isso. E eu não era assim, droga, eu não era. Essa cidade me deixa fútil e superficial também. O que ainda me prende nesse lugar eu não sei, e nem queria ter tempo para descobrir e desistir.
Sabe o que acontece aqui? Você se acomoda. Você acostuma a levar uma vidinha mais ou menos, você se cansa do nada e se entrega ao tédio. No final do dia são lençóis amarrotados, cigarros apagados, latas de cerveja chutadas e lingeries espalhadas por debaixo da cama.  Eu preciso respirar ares novos. Conhecer pessoas diferentes. Beber outros drinques, ficar chapada. Quero um lugar onde eu possa e tenha entusiasmo de fazer planos. Onde o futuro não é tão distante. Onde eu possa ser mais eu mesma.
Minha identidade foi se dissipando e está quase desmanchando. Porque isso já está ficando tóxico e se alguma atitude não for tomada, eu vou acabar me perdendo por aí...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Exorcizando vícios

(...)
"- O problema - ele continua - é que nada expande tanto a mente, nem é tão exuberante quanto inalar e exalar com fumaça. Tentei dizer isso a diversos iogues, mas, de alguma forma, eles não engoliram. O que é compreensível.
- Você está brincando, não é? - eu pergunto.
- Bem, sim e não. Parar de fuma é como se resignar a uma eterna sensação de anseio sem qualquer libertação. Seus sentidos ficam de tocaia o tempo todo, atacando quando você menos espera. Surge um determinado cheiro, um gosto, até uma passagem num livro, ou até, digamos, aquelas malditas borboletas que nós vimos, aquele dia, na mostra. Deus, eu quis muito um cigarro, depois daquilo. Eu não sei, você se sente tão desanimado. Nunca realmente inteiro.
- Com o amor - eu digo, subitamente. - Não é assim?
- Sim, exatamente. Como o amor - diz ele."

domingo, 9 de setembro de 2012

Abre aspas


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Welcome September


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