sábado, 28 de julho de 2012

Quase verdade

'Quando eu era criança, as aulas de catecismo eram sobre Deus e Satã, os doze Apóstolos, os Dez Mandamentos e os Sete pecados Capitais. O mundo, segundo os conhecimentos, é ordenado e administrável, com centenas de leis e punições metodicamente organizadas segundo a gravidade da transgressão. Não parecia haver áreas neutras, quando se trata de pecado - apenas uma paisagem inflexível de dor e punições excruciantes, ou recompensas celestiais, dependendo do caminho que você tomasse.
Eu me lembro da professora batendo com o giz no quadro, enquanto repetia uma porção de coisas que tu não farás. Não matarás. Não roubarás. Não cometerá adultério. Negativo, negativo. A vida é tão mais complicada que isso. E, francamente, mesmo uma criança tímida e sincera de jardim de infância, nunca me identifiquei muito com o assunto em questão. 
Eu acreditava em Deus de maneira genérica, mas não como uma danação eterna. Se você cometesse, de fato, um pecado, claro, haveria consequências, mas, no fundo, eu sabia que Deus jamais ficaria olhando alguém sendo cozido em caldeirões de óleo ou torrado na brasa, como estava dizendo aquele canal religioso, num domingo, quando eu estava doente e não pude ir a igreja.'

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