sábado, 21 de julho de 2012

01:35

Eu tenho essa paixão peculiar pela madrugada. Esse silêncio ensurdecedor, a escuridão tão negra acompanhada por toda essa calmaria. O barulho do vento gelado encostando na janela, o sereno caindo sobre as ruas tão desertas, e os grilos que viram protagonistas fazendo as noites parecerem ainda mais charmosas. 
A madrugada me lembra vários tocos de cigarros espalhados pelo chão e uma garrafa de vinho vazia abandonada no carpete. É quando se consegue ouvir vozes interiores, gritantes, falando absurdos, te enchendo de tentações e vontades loucas. Fico meio grogue, uma cena bizarra, a madrugada é uma droga, como maconha, tóxica, alucinante. A madrugada é alucinante. É encantadora. É um fraco meu. Confissões à parte, as inspirações ficam no auge durante noites mal dormidas, noites de insônia. Tenho sempre uma tendência a escrever durante as madrugadas. E tenho de ser muito cuidadosa com isso. Porque é durante ela, durante as madrugadas, que as vozes na minha cabeça, aquelas que seguro tanto caladas, encarceradas, são essas vozes, que escrevem por mim.

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