segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Que fique assim, como está


doce novembro
melancólico, muito. Os dias estão passando devagar e levando consigo o doce aroma de terra molhada. Tudo está na mesma, está como está, pessoas continuam se vendendo a rotinas e sendo escravas do relógio, precisamente do horário modificado, e cada um se adaptando obrigatoriamente a isso. Não ouço mais pássaros na minha janela ao amanhecer, não sinto cheiro de nada. A brisa não toca mais meu rosto, o vento foi-se embora pra passárgada. E as folhas estão caídas no chão. Meus pés estão descalços neste solo infértil, o sol já raiou há tempos, mas não na minha janela. Os livros estão sem sentido, e as músicas sem melodias. Estou longe, ou estás longe? A comida já não é degustada da mesma maneira, os pensamentos só rondam, as lembranças já nem se sabe. Os movimentos estão mecânicos, as palavras saem de boca pra fora, sem nexo, sem sentido, sem querer. As poesias, onde estão? As fotos são frias, são amarelas. Já não se ouve diálogo, já não se vê pessoas juntas. Só se passa despercebido. Somos apenas figurantes da realidade. Tudo sem tom, sem cor, sem poesia, sem sentido, sem som, sem paisagens.
Tenho ar nos meus pulmões e algumas folhas de papel em branco. Em meio a novembro, não é preciso mais que isso. Eu entendo.
Dias mais cinzentos virão.

3 comentários:

  1. É claro que irá achar as histórias parecidas, e se lesse certas cartas saberia do que se trata.

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  2. prefiro sal =)

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  3. Pagar para ler? Você pagaria?
    Então fique a vontade, pois a última você tem, e é justamente com essa última carta que o poema dialoga.

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Por você, mesmo.