sábado, 21 de abril de 2012

O que vai ser?

Eu acendo um cigarro ao som de Bod Dylan juntamente com seu estereótipo de cara politicamente correto. Assovio fumaça e você faz aquela senhora cara de desaprovação, vira o rosto, balança negativamente a cabeça, franze a testa. Eu não faço seu tipo não é mesmo? Não sou quem você quer e você já me assumiu isso vez ou outra durante nossas intermináveis brigas. Não tenho praticado a escrita e estou um bocado enferrujada, sim. As palavras se tornam desconexas e escorrem pelas minhas mãos como sangue percorrendo vasos sanguíneos. O meu jeito nem-aí te irrita, minha vontade de brincar de faz-de-conta te faz recuar atônito como se o que eu pedisse fosse absurdo. Mas eu sempre quis o absurdo e isso você não vai me dar. E o que eu não posso mais te dar é o meu tempo, enquanto isso a vida está passando e me fazendo sentir que estou perdendo-a, assistindo do lado de fora, figurando. Diz um filme empoeirado de fundo de locadora que devemos ser protagonistas de nossas próprias vidas, então deixe minha identidade e minhas vontades loucas. Se você não é capaz de me aceitar dessa forma, eu sugiro algumas coisas, a começar por: vá. Tire sua cara feia da minha fumaça, o cigarro tem sido melhor compania do que você. Leve seu travesseiro daqui, pois seu cheiro está ficando insuportável. Calce suas botas e me deixe rolar na cama vazia, não preciso mais das suas pernas frias para enroscar. E não é que eu não as queira mais, eu só não quero esperar você chegar dos seus compromissos e me pegar dormindo. Eu preparo nosso jantar e ele acaba indo para geladeira. Adormeço com o windows media player ligado no aleatório, uma garrafa vazia de cerveja e um cigarro no cinzeiro. Cartas jogadas no tapete. Celular debaixo do travesseiro. Um livro de ficção aberto em cima do meu peito, os óculos pendentes. Pode ter sido uma noite de porre. Podia ter sido uma noite de várias coisas.... Ainda não estou boa para escrever. Minhas inspirações se foram, as vozes se foram. Só ficou o desconcerto, o desconexo. Mas pouco me importa, se o que escrevo tem sequência ou não. Aliás, pode refletir um pouco da minha vida: desconcertada, desconexa, inconsequente...

'Pode ser que eu a encontre numa fila de cinema, numa esquina, ou numa mesa de bar.'

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