Se conheceram no ônibus da faculdade, embora tenham se visto algumas vezes, na verdade ela roubou a poltrona dele no ônibus sem saber que ele sentava lá todos os dias. Eram de pouca conversa e um achava o outro uma pessoa completamente como qualquer outra nesse mundinho de pessoas idiotas e normais. O que eles não sabiam era que tinham mais em comum do que não imaginavam. Ele sempre foi "na dele". Ela nunca teve interesse em conhecê-lo melhor, uma vez que não o achava nenhum Johnny Depp. Na época ela namorava de aliança e tudo, ele nem sequer notava que ela era mais do que um corpinho bonito, até mesmo porque seus olhos estavam ocupados com outra garota. Ela trocou de ônibus e eles perderam completamente o contato a não ser por ela ter dormido com o travesseiro de coração dele minutos antes dele sumir do mapa. Confesso não saber o motivo, mas eles se aproximaram, mesmo porque a amiga dela falava muito nele. Aproximaram com o intuito dela ajudá-lo com essa amiga, ela era um ótimo cupido(até então). O que eles não perceberam foi que o cupido flechou o coração errado(ou certo) e sem os olhos enxergarem os dois já não conseguiam ficar sem se falar por msn, sem se verem. Ela terminou o namoro e ele esqueceu completamente que um dia já ficara afim de outra pessoa. Eles ficaram. Simplesmente ficaram. Ao som de uma música da banda preferida dos dois. E ela achou que não passaria disso. Mas eles se apaixonaram. Viveram algo que nunca tinha vivido antes. Algo intenso. Profundo. Amor de verdade. Ele conseguia fazer com que ela fosse ela mesma, realmente. Ela conseguia fazer com que ele enxergasse um mundo diferente. Eles se encontraram um no outro. E sabe, parecia ser pra sempre. Era pra sempre. Não tinha como não ser. Apesar de sempre enfrentarem muitas dificuldades e preconceitos pelo namoro duradouro dela ter terminado a pouco tempo, família entre outras peculiaridades, e ele sempre a deixava louca de ciúmes. Eles eram neuróticos. Ajudava e atrapalhava.
Arrisco-me a dizer que eles foram feitos um para o outro. Gostavam das mesmas coisas, dos mesmos programas. Das mesmas comidas e bebidas. Inteligentes e críticos. Um casal de cinema. Ele sempre a surpreendia. Ela sempre o encantava.
Mas como todas as pessoas têm defeitos, com eles não podia, nem seria diferente. E o fato de se gostarem tanto, mas tanto, fez com que ambos começassem a brigar por coisas corriqueiras, banais. E quanto mais se gostavam, mais cobravam um do outro. O que foi fugindo de controle e gerando desgaste. Por ambas as partes. Suas discussões ficaram cada vez mais intensas e acabavam sempre magoando um ou outro. O relacionamento deles foi ficando normal, brigas normais. Ofensas. Como pessoas totalmente paranóicas foram criando coisas em suas cabeças. Ele ficou com um pé atrás. Ela se encontrou lotada de dúvidas. E tem altas dúvidas até hoje.
Não consigo chegar a uma conclusão sobre essas duas pessoas extremamente estranhas. Duas pessoas que se gostam muito. E que não sabem ao certo como expressar isso. Eles já tentaram se separar milhões de vezes. Já ficaram várias vezes sem se falarem(o que não passou de dois dias). Sentem falta um do outro como se vivessem terrivelmente longe. Não conseguem ficar sem notícias um do outro assim como respirar. Mas mesmo assim não decidiram um relacionamento estável. Ela tem muito medo. Ele não sente firmeza mais. E agora?
Não sei. Já presenciei muitas coisas das quais os dois fizeram parte. Tenho minhas opiniões sobre eles. Estranhas, mas tenho. Hoje em dia eles conversam, matam a saudade ás vezes. Mas ele não está totalmente satisfeito e as dúvidas dela não a deixaram em paz.
Sobre o fim dessa intrigante história?
Só o tempo sabe.
Ou nem ele.
Escrito em 27 de novembro de 2009.